domingo, 7 de janeiro de 2018

Livro: O LEITOR DO TREM DAS 6H27 - Jean-Paul Didierlaurent

Spoiler: eu amei tanto esse livro que eu aprendi de primeira a escrever o sobrenome do autor.

Resenha Último Ato!
  • Título Original: Le Liseur du 6h27
  • Autor: Jean-Paul Didielaurent
  • Editora: Instrínseca
  • 176 Páginas
  • 1ª Edição – 2015
Sinopse:
Para todos os passageiros presentes na composição, ele era o leitor, um sujeito estranho que, todos os dias de semana, lia em voz alta e inteligível as poucas páginas tiradas de sua bolsa. Eram fragmentos de livros sem qualquer relação uns com os outros. O trecho de uma receita podia estar ao lado da página quarenta e oito do último vencedor do Goncourt; um parágrafo de romance policial podia seguir-se a uma página de um livro de história. Para Guylain, pouco importava a seus olhos.
Ele expelia todos os textos com a mesma dedicação obstinada. E, a cada vez, a magia se operava. As palavras, ao sair de seus lábios, levavam com elas um pouco da náusea que o sufocava ao se aproximar da usina.
Guylain Vignolles trabalha fazendo uma coisa que abomina: ele trabalha em uma usina operando "A Coisa", nome que deu a uma máquina que tritura os livros encalhados nas papelarias e que provavelmente não seriam mais vendidos. Todos os dias ele salva algumas "peles vivas" (folhas sobreviventes) da Coisa e as leva embora. Ele lê essas peles no trem das 6h27 todos os dias para os passageiros.

A vida de Guylain não vai muito longe do caminho trabalho/casa. Algumas vezes (bem raramente) visita o amigo Giuseppe, um homem que perdeu as pernas em um acidente com A Coisa e vive na busca por recupera-las, pelo menos não no sentido literal desta frase. Guylain tem um peixe dourado - o quarto da geração - ao qual todos os dias conta como foram as coisas no trabalho.

Em um dia seguindo para o trabalho, Guylain encontra no seu acento de sempre um pen drive, e trata de logo guarda-lo no bolso. Ao abrir seu conteúdo, descobre textos como se fossem parte de um diário, e ao começar a leitura, simplesmente não consegue parar até terminar. Assim somos apresentados à Julie, uma zeladora de banheiro de shopping, pessoa que Guylain nunca viu e que aos poucos se apaixona por ela. 

Jean-Paul Didielaurent.
O material que sai da Coisa é usado para fazer novos livros, e nem isso conforta Guylain em seu trabalho - convenhamos, nem eu gostaria de trabalhar nesse lugar. Ele a todo momento se mostra invisível, sendo o centro das atenções apenas quando está lendo. É o único momento que os demais o notam de fato, mesmo que seja só o conhecendo como "o leitor do trem". 

Já vi gente falando que o livro sai do nada e chega em lugar algum, e isso me faz perguntar se isso não se deve à necessidade de sempre ler algo chocante nas histórias. Um livro com bombas, plot twists revoltantes e personagens principais morrendo drasticamente... A literatura não é só feita disso. Não é uma crítica negativa, uma vez que também adoro um livro que me deixe sem dormir quando eu termino sua leitura, mas estou tentando entender o porquê do susto de ler algo tão delicado e simplesmente massacra-lo do nada.

É isso que "O Leitor do Trem das 6h27" é: um livro delicado, simples, marcante. Ele fala da vida das pessoas, cada uma com seus anseios e objetivos, cada uma com suas histórias e motivações. Guylain está preso nele mesmo e na imagem que ele construiu de si mesmo (aquele velho clichê: está vivendo ou apenas existindo?) e temos uma imagem muito interessante quando falamos sobre sua vida em geral: ele em seu eterno caminho casa, trabalho, casa, trabalho, andando em círculos sem chegar muito longe, em seguida seu peixe que nada em círculos dentro do próprio aquário, com uma determinação tamanha que parece realmente que ele irá chegar a algum lugar. 

Imagem: @annymourac

Era de um livro assim que eu estava precisando, algo rápido, gostoso e tranquilo de ler. Ele é de um formato diferente do que mais vemos, tem tamanho de um livro de bolso, porém é todo feito como um livro, digamos, comum: orelhas, páginas amareladas - aliás, que delícia de páginas, meus amigos! - e a leitura dele me envolveu de tal maneira que li metade dele inteiramente à luz de velas (não por opção própria, caiu uma tempestade de raios no dia e levou minha energia elétrica embora hahaha).

Este livro ganhei de um amigo muito querido, meu amigo de infância Lucas, e foi um presentão daqueles que não dá pra esquecer. Se ele foi direto pra minha lista de favoritos? Sem dúvidas.

Recomendo fortemente a leitura, principalmente para terem o prazer de conhecer os personagens maravilhosos que são tão bem construídos por Jean. Minhas últimas leituras vem sendo muito prazerosas.

Por hoje é só, espero que tenham gostado do post. Boa leitura para vocês e nos vemos na próxima!!

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10 comentários:

  1. Le Liseur du 6h27... aquele momento em que você se apaixona pelo livro através dos olhos de outra pessoa, através de uma sinopse que amarra tua atenção e ao mesmo tempo te faz querer saber mais sobre esse tal leitor que diariamente toma o mesmo trem, sempre no mesmo horário e que se doa ao ler fragmentos soltos de livros diversos.
    Essa sua resenha Anny tem a serenidade que o livro te passou, os personagens tão únicos e tratados com tanto carinho pelo autor Jean-Paul nos convidam a conhecer mais sobre cada um, Guylain que desperta a esperança em cada um que consegue tocar com suas palavras, Giuseppe um sonhador que busca restaurar sua identidade e Julie que mostra ter um talento com a escrita.
    O título é encantador, a arte da capa simples, tudo me despertou o desejo de ler essa obra, as mensagens por traz de cada personagem e que te fazem pensar em como está vivendo sua vida, se é realmente dessa forma que você deseja seguir vivendo, você sabe o quanto eu quero ler esse livro!
    Ainda não li "O Leitor do Trem das 6h27" mas tenho certeza de que quem se identificou com a resenha da Anny irá se apaixonar por essa literatura, recomendo a todos!

    Obrigado mais uma vez Anny, até a próxima pessoinha!

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    1. Ah, esse leitor <3 um romance tão levinho e tão gostoso! Tão gostoso que eu quase li o livro todo à luz de velas mesmo porque não tinha energia elétrica no dia hahaha
      Que bom que gostou da resenha, Fred. Eu acho que você iria adorar o livro, de verdade! Espero você na próxima resenha <3

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  2. Aparenta ser um livro bem gostosinho de se ler, também estou precisando de leituras assim. Procurar um bom lugar pra ler e relaxar, nossa, muito bom! Obrigado pela indicação.

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    1. Esse pode ter certeza que você vai gostar, Tony! Um romance tão leve e satisfatório! Quando for ler, me conta o que achou. É daqueles livros de ler em uma sentada só <3

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  3. Aparenta ser um livro bem gostosinho de se ler, também estou precisando de leituras assim. Procurar um bom lugar pra ler e relaxar, nossa, muito bom! Obrigado pela indicação.

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  4. Pela sinopse do livro pensei que "O Leitor do Trem das 6h27" era alguém com problemas mentais que ficará feliz por aprender a ler já na fase adulta e por isso vivia a ler em voz alta, mostrando que enfim ele consegue ler, uma história de superação! Mas viajei, kkkkk
    É uma ótima recomendação, Anny!
    PS: Como seria a pronúncia do nome "Guylain"?

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    1. Rapaz, que mente fértil, hein? Passou só a 500 anos luz da história original kkkkkk
      Se não me engano o próprio personagem no livro fala sobre a pronúncia do nome dele, mas durante a leitura eu lia como "g-ai-lein"!

      Que bom que tenha gostado, Danilo!

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Que recomendação incrível, quando a li, senti uma vontade imensa de ler o livro, e posso assegurar que aproveitei cada capítulo, a cada página que se passava a história me conquistava um pouco mais.
    A busca "pelas pernas", por exemplo, me fizeram engolir um capítulo atrás do outro sem parar.
    Foi uma leitura maravilhosa, super tranquila, e bem gostosa de se concluir. A "simplicidade" da história atrai o leitor de uma forma impressionante, faz com que se conclua a leitura bem rapidamente.
    Muito obrigado pela recomendação

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    1. Fico feliz que tenha lido o livro e gostado!! É uma história bem curtinha, bem simples e muito tocante.
      Obrigada você pelo comentário!

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