domingo, 14 de janeiro de 2018

Livro: A GUERRA QUE SALVOU A MINHA VIDA - Kimberly Brubaker Bradley

Há histórias lindas que marcam a gente e deixam um sorriso bobo estampado no rosto. Há histórias chocantes que acabamos superando depois, e há histórias que doem muito na gente, mas que precisam ser conhecidas, por mais que deixe um buraco em nós. "A Guerra que Salvou a Minha Vida" é uma delas.

Resenha Último Ato!
  • Título Original: The War That Saved My Life
  • Autor: Kimberly Brubaker Bradley
  • Editora: Darkside Books
  • 240 Páginas
  • 1ª Edição – 2017
Sinopse:
Ada tem dez anos (ao menos é o que ela acha). A menina nunca saiu de casa, para não envergonhar a mãe na frente dos outros. Da janela, vê o irmão brincar, correr, pular – coisas que qualquer criança sabe fazer. Qualquer criança que não tenha nascido com um “pé torto” como o seu. Trancada num apartamento, Ada cuida da casa e do irmão sozinha, além de ter que escapar dos maus-tratos diários que sofre da mãe. Ainda bem que há uma guerra se aproximando.
Os possíveis bombardeios de Hitler são a oportunidade perfeita para Ada e o caçula Jamie deixarem Londres e partirem para o interior, em busca de uma vida melhor.
Kimberly Brubaker Bradley consegue ir muito além do que se convencionou chamar “história de superação”. Seu livro é um registro emocional e historicamente preciso sobre a Segunda Guerra Mundial. E de como os grandes conflitos armados afetam a vida de milhões de inocentes, mesmo longe dos campos de batalha. No caso da pequena Ada, a guerra começou dentro de casa.
Essa é uma das belas surpresas do livro: mostrar a guerra pelos olhos de uma menina, e não pelo ponto de vista de um soldado, que enfrenta a fome e a necessidade de abandonar seu lar. Assim como a protagonista, milhares de crianças precisaram deixar a família em Londres na esperança de escapar dos horrores dos bombardeios.
Vencedor do Newbery Honor Award, primeiro lugar na lista do New York Times e adotado em diversas escolas nos Estados Unidos.
Como a sinopse diz, Ada é uma criança de dez anos que nunca saiu de casa. Não é por vontade própria ou algo do tipo: mas porque sua "mãe" a mantém presa, tendo como único contato com o mundo exterior a janela do apartamento onde vive e relados de seu irmão mais novo, Jamie

Como se não bastasse, Ada apanha sem nem motivos para isso, e é torturada psicologicamente pela "mãe", que justifica sua prisão como consequência de seu Pé Torto, uma deficiência que fez com que seu pé fosse virado, e toda e qualquer tentativa de caminhar ou apoia-lo no chão a trazia muita dor.

Está acontecendo a Segunda Guerra Mundial e Jamie chega em casa da escola relatando que Londres pode vir a ser bombardeada pelos alemães, e que com isso as famílias estão mandando seus filhos para o interior, na busca de evitar que eles sofram durante os bombardeios. Ada pergunta se pode ir com o irmão para o interior, mas sua "mãe", a qual não sabemos o nome, deixa claro que não. Segundo ela "ninguém ia querer uma aleijada, ninguém gosta de aleijados" e diversas outras injúrias.

Mas Ada está disposta a ir. O que a "mãe" não sabe, é que enquanto ela trabalha fora de casa, Ada estava treinando sua caminhada, e havia conseguido avanços, embora estivesse com muita dor. No dia em que as crianças partiriam para as novas casas, Ada pegou o irmão e fugiu, começando assim sua própria guerra: a consigo e com o mundo externo.

Imagem: Darkside Books
Ter saído do apartamento não significa que todas as dificuldades de Ada irão desaparecer, que ela encontrou uma família unida e foi feliz para sempre. Pelo contrário: aquilo que ela viveu, suas experiências e traumas, foram de mãos dadas com ela por essa jornada. A menina mostra uma visão da vida diferente, com curiosidade e vontade de aprender, sem deixar de ser a criança que ainda é.

Ela mostra esperança, sempre com a ideia que a culpa era dela de ter o pé torto e que a "mãe" ia passar a gostar dela se ela visse seu pé consertado. Ada tem medo das pessoas, das intenções delas, e mal as entende, já que seu vocabulário é limitado a tudo que ouvia em casa.

Há um momento muito interessante no livro, quando, na casa onde ficaria com o irmão, se discute a matrícula na escola para Jamie. Ele, ao dizer à irmã que ela não poderia ir para a escola "com esse pé feio", recebe a resposta astuta da senhorita Smith: "O pé fica muito longe do cérebro". É preciso pensar e repensar a inclusão (que é linda no papel, mas na prática...) até não ser preciso admitir o óbvio nem isolar as pessoas por uma peculiaridade que elas não são culpadas de terem.

Imagem: @annymourac
A história é narrada por sua protagonista e nos traz um registro vívido de suas experiências. Eu tento sempre me colocar no lugar dos personagens dos livros que leio, mas no caso da "mãe" da Ada, foi praticamente impossível. Essa personagem desperta nojo, indignação, despertou uma raiva que eu nem sabia que tinha em mim.

Ela alimentava a filha muito mal, a desprezava, construía para as pessoas na rua uma imagem péssima da menina... Eu usei a palavra mãe entre aspas em toda a resenha justamente por não acha-la digna de receber tal título. A história é fictícia, mas me fez pensar bastante em tantas e tantas crianças que sofrem com esse tipo de "mães", "pais", etc., por aí. 

Não sabemos o nome da mãe de Ada e isso não faz a menor falta

A escrita do livro é maravilhosa, a diagramação é muito boa - estamos falando de Darkside, afinal - e a capa é de uma delicadeza sem igual, que tem tudo a ver com o livro. A arte inicial de cada capítulo também tem uma ligação muito importante com a história. Vale a pena cada página.

Imagem: Darkside Books
Como eu disse logo no início, é um livro que machuca, que é forte e triste, mas necessário. A gente não vê as páginas indo embora, e a leitura a todo o momento aguça a curiosidade para continuar. Os capítulos são bem curtos, obrigada Kimberly, e cada um marcante por si só. 

Só podemos saber até onde vai a maldade humana, quando realmente a vemos acontecer. 

Eu vou ficando por aqui com essa indicação de hoje, espero que tenham gostado e que gostem do livro. Quem já leu conta pra gente o que achou! Por hoje é só, aguardo vocês no próximo post. Até lá!

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4 comentários:

  1. Tadinha da Ada, apesar de ser uma história ficticia, representa quantas crianças que são indefesas e passam por coisas parecidas?! É um tema que mexe muito comigo também por ser tão delicado. Eu odiaria também com todas as forças a me dela se o lesse. Gostei muito da resenha. :s

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    Respostas
    1. Que bom que gostou, Tony! Eu que evito dar spoilers nas resenhas, mas posso dizer que a mãe dela só aparece para fazer raiva e alimentar nosso ódio (haha juro). Te espero na próxima resenha <3

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  2. Oii tudo bem?
    Que resenha maravilhosa, esse livro é bem tocante e estava atrás de um livro assim para ler, muito obrigada pela indicação. A capa é linda, a gente olha e pensa nossa que capa mais linda é essa, e acaba se surpreendendo com a história néh? em breve quero muito ler <3

    Beijos
    http://nadadecontodefadas.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. ahhh que bom que gostou, Erika! É um livro bem marcante mesmo, daqueles que eu acho que todos precisariam ler. Sucesso nesse blog lindo seu, moça!!

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