domingo, 25 de outubro de 2015

Livro: A LISTA DE SCHINDLER, A VERDADEIRA HISTÓRIA - Mietek Pemper



Resenha Último Ato!

  • Título original: Der Rettende Weg. Schindles Liste - Die Wahre
  • Autor: Mietek Pemper
  • Editora: Geração Editorial
  • 280 Páginas
  • 1ª Edição - 2010

Sinopse:
"Em seu célebre discurso aos trabalhadores judeus de usas empresas, após a libertação, em maio de 1945, Oskar Schindler - autor da famosa Lista que leva seu nome e deu origem ao filme de Steven Spilberg - Declarou:
'Não me agradeçam por terem sobrevivido. Agradeçam a seus compatriotas que se esforçaram dia e noite para livrá-los do extermínio. Agradeçam a seus intrépidos e destemidos companheiros Stern e Pemper, que, durante as tarefas que desempenharam a favor de vocês, contemplaram a morte adiante de seus olhos a cada momento.'
Este livro foi escrito por Mietek Pemper, o herói judeu que trabalhava, forçado, para o carrasco e assassino nazista Amon Göth. Arriscando a própria vida, ele seria o único, segundo o próprio Schindler, capaz de contar esta história emocionante 'de forma autêntica'. Neste livro, ele contou."


Mietek era um judeu da Cracóvia que, com uma licença especial cursava duas faculdades ao mesmo tempo. Ele nos dá uma visão de como era Cracóvia e como os judeus eram tratados naquela época pré guerra. Algum tempo depois, eles são obrigados a morar em guetos construídos em uma parte da cidade. Lá tinham um trabalho forçado e as dificuldades já começavam com comida e água. Porém ainda não sabiam tudo que estava por vir com Hitler no comando.

Em 1940 os campos de nome Auschwitz e Auschwitz Birkenau foram construídos. Para quem morava nos guetos de Cracóvia, esses eram apenas nomes como outros no começo. Tudo que sabiam sobre o local era que muitos judeus eram levados para lá a fim de que trabalhassem, porém começaram a desconfiar do que realmente acontecia nesses campos de concentração quando nenhuma das pessoas que iam, voltavam mais. 

Mietek era bilíngue, o que o ajudou muito a trabalhar na Comunidade Judaica do Gueto por um tempo, até que o campo de trabalhos forçados fosse construído e todos desse gueto terem sido transferidos para lá. Com essa mudança, ele acaba tendo que trabalhar diretamente com Amon Göth, o cara mais sem escrúpulos e mais medonho que pudesse existir – matava as pessoas por diversão, indo bem além das ordens que recebia.

Um trecho do livro que deixa bem claro essa participação de Göth no campo, explica como a mente desse ser era doentia. Ele ditava cartas para Mietek (que era uma espécie de “escrivão” dele) e do nada se levantava, pegava uma arma e atirava em alguém pela janela. Matava alguém do campo sem motivo, sem causa. Em seguida, voltava para dentro e fazia a pergunta: “Onde paramos?” como se tivesse acabado de fazer a coisa mais natural desse mundo.

As punições dentro do campo eram também extremas, mesmo que para “delitos” pequenos. Mietek nos conta que uma pessoa que foi pega contrabandeando pão, foi surrada quase até a morte. Conta também de uma mulher com sua criança de colo que foram pegas com documentos falsos, foram simplesmente fuziladas.

É nesse contexto que surge Oskar Schindler, que já é deixado bem claro: não é nenhum santo, mas tinha uma atitude nobre e diante de tudo que acontecia, era como um anjo contra o demônio que era Göth. Schindler parecia um alemão nazista como todos, mas aos poucos vamos entendendo como suas intenções eram as melhores.

Talvez, arrisco-me a dizer, sem as informações e ajudas dadas por Mietek, Schindler não teria conseguido tanto sucesso na sua tentativa de ajudar os judeus do campo. Porque Mietek também foi sim um herói e arriscava sua vida a todo momento – só de estar ao lado de Göth já era um perigo constante.

O livro conta, também com trechos de falas em julgamentos contra nazistas, alguns que o próprio Mietek participou como testemunha após o fim da guerra. É preciso ler para conseguir captar a noção de como foi no século passado estar na mira de um arma diariamente e com isso, tentar ajudar o máximo de pessoas o possível enquanto se permanecesse vivo.

Há uma parte em que Pemper nos conta algumas diferenças entre a realidade e o filme de Spielberg, de 1994. Mietek faleceu no dia 07 de junho de 2011, aos 91 anos.

No fim do livro temos uma tabela, uma linha do tempo com os principais acontecimentos da guerra aos arredores de Mietek e o campo ao qual estava, seguida por outra tabela com as patentes da SS e seus equivalentes no exército, para nos mostrar o que cada nome significa. 

O livro não é grande e é imprescindível para quem quer estudar mais sobre a segunda guerra. Recomendo - como sempre - ler o livro antes de assistir o filme, para saber diferenciar a realidade do que é ficção. É um relato puro e sincero de quem realmente esteve lá o tempo todo, vale a pena conferir.

Citações:
“Para um sentenciado à morte, não importava receber um pouco mais ou um pouco menos de pão. Tudo o que podia fazer era atrasar o máximo possível a execução de minha sentença de morte, no interesse de meus familiares.” Pág. 71

“Só aquilo que podemos fazer por outras pessoas conta; todo o resto é menos importante.” Pág. 83
“Descobrir que na escuridão do inferno ainda existem seres humanos verdadeiros como Oskar Schindler foi um presente para mim.” Pág. 170.

“Muitas vezes, há uma possibilidade de escolha – com frequência, apenas mínima – até em situações aparentemente sem saída, e ela deve ser usada com responsabilidade, mesmo que se pense inicialmente que não é relevante para o seu resultado final.” Pág. 262

“(...) os homens só se desenvolverão num nível mais elevado quando o princípio da responsabilidade individual fizer escola, quando a não participação se tornar uma virtude e a obediência cega perder valor.” Pág. 263







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Mietek Pemper nos anos 1940.

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