quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Filme: BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS - Michel Gondry

O que dizer, ou como se expressar, quando um filme que assistimos atravessa uma barreira dentro de nós e nos leva para um lugar lá que nunca visitamos antes? 






Título: Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças
Título original: Eternal Sunshine of the Spotless Mind
Ano: 2004
Direção: Michel Gondry
Gênero: Romance/drama e ficção científica
108 min








"Abençoados sejam os esquecidos, pois tiram o melhor de seus equívocos" -Nietzsche
Vamos pensar juntos: sabe aquela pessoa que passou um belo tempo contigo, e você acha agora depois de tudo, que apagá-la da memória seria melhor? Ou até as coisas mais simples, como uma vergonha que passou, ou um momento que não foi tão bom quanto você esperava. O que você faria se tivesse a oportunidade de apagá-lo definitivamente, como se nunca tivesse acontecido?

 Não, isso ainda não está disponível. Porém em Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças podemos ver o que aconteceria se existisse.


Joel (Jim Carrey) é um homem tímido e bem desajeitado. Ele está no fim de um relacionamento conturbado com sua esposa, no qual ele não percebe ser incapaz de demonstrar seus sentimentos.

No começo, Joel tem uma atitude impulsiva de fugir de um dia no trabalho e pegar um trem para o sentido oposto, sem motivo algum aparente. Com isso, ele conhece Clementine (Kate Winslet), uma garota que é impulsiva - mas em todos os momentos de sua vida haha - e de cara já percebemos a mão do destino nisso tudo.

Eles se conhecem, o tempo passa e Joel continua não conseguindo demonstrar suas emoções. Ele não consegue levar o relacionamento para um nível mais alto, parece incapaz disso. Clementine quer algo a mais, mas ele está acomodado demais e bem com tudo. Eles passam juntos momentos incríveis, inesquecíveis, porém a teimosia e essa notável falta de capacidade de saber expressar o que sente, faz com que tenham uma briga, onde acabam se ofendendo irremediavelmente. Cuidado com as palavras, folks!






Clementine e Joel. Fonte: http://www.cantodosclassicos.com/

Clementine, a Garota Impulsiva, vai então a uma clínica que possui uma prática bem estranha, mas desejada por muitas pessoas: apaga dados da memória. Ela decide apagar Joel definitivamente, e faz o procedimento.

Ele, algum tempo depois, descobre, e em uma crise existencial e depressão, decide fazer o mesmo e apagar sua amada definitivamente de suas lembranças.

A partir dai eu não poderia descrever o que acontece. Faltam-me palavras, e eu certamente iria confundir vocês, porque minha percepção sobre esse filme será diferente da de cada um, e com certeza o mix de cenas e fatos que ele nos dá pode ser muito bem interpretado em um milhão de maneiras.

Mas a beleza desse filme, a atuação sem igual de Jim e Kate (isso para aqueles que dizem que Jim não sabe fazer drama - Reveja!) faz com que tudo fique leve e fácil de prosseguir. Ele nos abre janelas para uma reflexão mais profunda sobre nós mesmos, e nossas atitudes para/com os outros. É psicologia pura cada momento do filme, e quando acaba ele deixa um gostinho irresistível de "quero mais".

A conclusão (a minha, de tudo isso) é que não, não vale a pena simplesmente apagar algo da memória. Não vale. Se chorou, se sofreu, se doeu, é bom para aprender, para não repetir. É clichê? Entenda assim se quiser, porém é a verdade. Se você pudesse ir apagando todos os momentos ruins, iria acabar revivendo-os, porque não teve a experiência daquilo mais, não sentiu na pele, não transformou em algo que faça sentido para você. Claro que o filme é ficção, e há quem diga que "nunca irá existir uma máquina com tal poder" (PS: não use a palavra "nunca"), mas é uma boa oportunidade para sentar-se com uma xícara de chá bem quente ao lado, olhar pro nada e se perguntar como seria se aquilo fosse possível.





Brilho Eterno é um filme para se assistir uma, duas, mil, eternas (haha) vezes. Talvez seja um pouco confuso e precise mesmo de uma segunda tentativa. Porém a sequência dos fatos é tão bem costurada, é tão bem desenhada que você sequer tem tempo para se questionar sobre algo enquanto o assiste.

Eu queria falar mais, mas também não consigo me expressar além disso. É como eu disse lá na introdução: o filme me tocou. E eu nem chorei imagina!

Notas: 

  • Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original, Kate Winslet foi indicada a melhor atriz, em 2005.
  • Vencedor de duas categorias no BAFTA (melhor montagem e melhor roteiro original) e indicado em outras quatro (melhor ator - Jim Carrey, melhor atriz - Kate Winslet, melhor filme e melhor realização/direção)







“How happy is the blameless vestal’s lot!
The world forgetting, by the world forgot.
Eternal sunshine of the spotless mind!
Each pray’r accepted, and each wish resign’d”

- Alexander Pope, Eloisa to Abelard





Crédito da foto: baloesquadrados.wordpress.com 

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