domingo, 4 de fevereiro de 2018

Livro: TRAGÉDIAS DE SHAKESPEARE - Parte 2 (Otelo, o Mouro de Veneza e Macbeth)

Sim, estou de volta com esse livro lindo o qual disse que traria a sua resenha em duas partes. Como expliquei na Parte 1 (que você pode ler clicando aqui, caso ainda não tenha lido), como temos quatro peças incríveis neste volume, eu decidi separar duas peças por resenha para conseguir falar melhor de cada uma sem correria e sem post gigante.

Então vamos lá para a parte dois?


Resenha Último Ato!
  • Grandes Obras de Shakespeare, Volume 1: Tragédias
  • Romeu e Julieta, Hamlet, Otelo, o Mouro de Veneza e Macbeth
  • Autor: William Shakespeare
  • Editora: Nova Fronteira 
  • 608 páginas
  • 1ª Edição – 2017
Sinopse:
Considerado o mais influente dramaturgo do mundo e o maior escritor em língua inglesa, William Shakespeare é, sem dúvida, um mito. Sua obra, de caráter universal e eterno, subverte ao tempo, atravessando gerações e deixando um legado de reflexão acerca da natureza humana e dos dramas que a afligem.
Tendo vivido o auge do que hoje se conhece como teatro elisabetano - época de ouro da cultura inglesa -, o Bardo, também um exímio poeta, encontra na dramaturgia sua maior expressividade.
Neste primeiro volume de suas grandes obras estão contempladas as peças mais icônicas do gênero que o consagrou, a tragédia: Romeu e Julieta, que se tornou a história de amor por excelência; Hamlet, que revela intensa crise do sujeito que pondera sobre "ser ou não ser"; Otelo, o Mouro de Veneza, que aponta a ribata para a traição e o ciúme; e Macbeth, que expõe ao homem suas próprias mãos sujas de sangue.
Esta edição especial, organizada pela professora Liana de Camargo Leão, especialista e pesquisadora da obra de Shakespeare, conta com a tradução consagrada da ensaísta e crítica de teatro Barbara Heliodora.
Como o título já entrega, hoje falarei de outras duas peças fortes e que nos colocam para pensar bastante. São peças curtas e que valem muito a pena serem lidas e relidas. Bora lá?

Otelo e Desdêmona em Veneza, por Théodore Chassériau.
Otelo, o Mouro de Veneza

Shakespeare em sua grande busca por conhecer melhor a índole do homem, até onde ele é bom e até onde ele pode ser ruim, nos presenteia com essa história que nos encanta e deixa com bastante raiva ao mesmo tempo. Explicarei o por quê.

Otelo é um homem negro (bastante atenção ao preconceito da época) (aliás, preconceito esse que infelizmente existe até hoje), nobre, honrado e de boa índole, bem visto aos olhares do nobre Brabâncio, o qual construiu uma amizade ao contar sobre seu passado. Nessas visitas para contar suas memórias, a filha de Brabâncio, Desdêmona, conhece Otelo e o pede que repita suas histórias a ela, e diante de tais relatos, acabam se apaixonando um pelo outro.
"Ela me amou porque passei perigos,
Eu a amei porque sentiu piedade" Pág. 368
Casaram-se em segredo, o que gerou fúria em Brabâncio e revelou seus preconceitos para/com Otelo. Tudo bem em o Mouro, como era chamado, ser seu amigo, mas um casamento com sua filha não seria tolerado. Brabâncio chegou a acusar Otelo de feitiçaria, não acreditando nem querendo aceitar que sua filha tenha se apaixonado por ele. Otelo, certo do amor de sua esposa, conta a história de como a conquistou e ela confirma para seu pai.

Conhecemos desde a primeira cena Iago, o vilão da história, daqueles que nunca desistem do seu objetivo. Ele em sua sede de vingança, incita o ódio em todos que estão ao seu redor, procurando um resultado final que só ele tem ideia do que será ao certo - porque a cada momento ele envolve mais e mais pessoas em seu projeto de vingança - e deixa de ser confiável até para sua própria esposa. 

Na história vemos malícia, ciúmes - inclusive maravilhosamente bem abordado por Shakespeare - traição, ganância, e arrisco até a dizer que Iago estava aos poucos enlouquecendo enquanto colocava seu plano em prática.

De volta a esse vilão que acaba sendo o personagem principal porque tudo acontece por sua culpa, acho que se vocês procurarem o significado da palavra "ranço", vai ter a foto dele lá. Toda vez que ele mentia sobre algo, que ele aparecia, eu me perguntava qual era o motivo de ele ainda estar respirando ainda - hahaha é sério. O objetivo de um vilão é gerar o caos, e eu estava revoltada de tal forma com ele que quase esquecia que era uma história fictícia. 

Hamlet continua sendo minha favorita, mas Otelo está disputando fortemente o posto. Amei cada segundo que passei lendo esta peça.

Machbeth vendo o fantasma de Banquo. Pintura de Théodore Chassériau.
Macbeth

Aqui temos o tema da ganância melhor explorada, até onde o ser humano vai por poder? 

Macbeth é um corajoso general do exército do rei que acabou de sair vitorioso de uma batalha. No início da história vemos seu encontro com três bruxas que estão fazendo previsões sobre seu futuro: elas dizem e afirmam com convicção que ele vai ser Rei da Escócia, mesmo que o Rei atual esteja com boa saúde e nenhum problema com terceiros.

Ao contar para sua esposa, Lady Macbeth, sobre a previsão, ela decide por pura ganância arrumar uma forma com que isso logo aconteça - claro, ela quer tornar-se rainha a todo custo. Sua sede pelo poder acaba fazendo do marido um ser controlado por ela, que aos poucos toma a ganância como algo próprio dele. Macbeth torna-se um ser amargo, violento, diferente do que diziam que ele era.

Fique claro que em momento algum as bruxas disseram para ele matar o Rei ou algo do tipo. Elas apenas disseram que Macbeth viraria Rei, sem dizer quando nem como. 

Esta é uma peça bem curta, a mais curta do livro, talvez uma das mais curtas da carreira de Shakespeare. Quando a história vai chegando ao seu final, ela torna-se um pouco apressada, com cenas curtas e muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, ao contrário das outras que o desenrolar é mais calmo com cada coisa em seu tempo. Porém isso não faz de Macbeth uma leitura ruim, e conhecer essa história é uma experiência incrível.

Imagem: @annymourac
Sobre diagramação, edição, tradução, eu já falei na publicação Parte 1 desta resenha (e vocês podem clicar aqui para poderem ler tudo direitinho), então eu só devo reforçar que esse livro é lindo demais, a tradução é maravilhosa e sim, precisamos sempre falar da tradução porque ela faz muita diferença na sua experiência de leitura. 

Esse box não estava tão caro na última vez que olhei, na faixa dos 100-120 reais, então vale a pena o investimento, ainda mais por uma obra tão impecável quanto essa.

Eu trarei resenhas dos demais livros deste box, então é só aguardar! Por enquanto vou ficando por aqui, e nos vemos no próximo post. Até lá, gente bonita!

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4 comentários:

  1. Olá, sem dúvidas, as obras de Shakespeare são maravilhosas, confesso que faz um bom tempo que não leio, no entanto quero enfatizar que sua resenha está excelente e convidativa, ficou no ar aquela vontade incontrolável de reler essas obras magníficas. Parabéns pelo blog!

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    1. Olá!! Shakespeare é, sem dúvidas, uma marca na nossa vida, não é mesmo?
      Ahhh, fico tão feliz em ler algo assim <3 muitíssimo obrigada, Leia. Fico muito feliz mesmo de saber que gostou!!

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  2. Essas duas obras ainda não conhecia, a resenha me deixou curioso em aprofundar nelas, principalmente com Otelo. garantia de ser uma ótima leitura, até mesmo por se tratar de Shakespeare.

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    1. Ele aborda muitos assuntos interessantes e importantes para discussão, sempre muito bom conhecer mais e melhor sobre Shakespeare!

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