domingo, 25 de fevereiro de 2018

Livro: POR LUGARES INCRÍVEIS - Jennifer Niven

Já começo dizendo que esse livro mais do que muitos, é necessário. Eu queria dizer que vivemos em um mundo perfeito em termos de empatia quando falamos de depressão, suicídio e afins, mas infelizmente não posso ainda. "Ainda" porque eu tenho esperanças de que chegaremos nesse nível um dia. Enquanto isso, vamos falar sobre um livro que nos ajuda entender um pouco desses casos. 

Resenha Último Ato!
  • Título Original: All The Bright Places
  • Autor: Jennifer Niven
  • Editora: Seguinte
  • 336 Páginas
  • 1ª Edição – 2015
Sinopse:
Violet Markey tinha uma vida perfeita, mas todos os seus planos deixam de fazer sentido quando ela e a irmã sofrem um acidente de carro e apenas Violet sobrevive. Sentindo-se culpada pelo que aconteceu, a garota se afasta de todos e tenta descobrir como seguir em frente.
Theodore Finch é o esquisito da escola, perseguido pelos valentões e obrigado a lidar com longos períodos de depressão, o pai violento e a apatia do resto da família. Enquanto Violet conta os dias para o fim das aulas, quando poderá ir embora da cidadezinha onde mora, Finch pesquisa diferentes métodos de suicídio e imagina se conseguiria levar algum deles adiante.
Em uma dessas tentativas, ele vai parar no alto da torre da escola e, para sua surpresa, encontra Violet, também prestes a pular. Um ajuda o outro a sair dali, e essa dupla improvável se une para fazer um trabalho de geografia: visitar os lugares incríveis do estado onde moram. Nessas andanças, Finch encontra em Violet alguém com quem finalmente pode ser ele mesmo, e a garota para de contar os dias e passa a vivê-los.

Violet Markey e Theodore Finch se conhecem de uma forma nada comum. Ambos estão na torre da escola onde estudam pelo mesmo objetivo: estão pensando em acabar com todo sofrimento que passaram e continuam passando, acabar com aquela dor que sentem. Cada um tem seus traumas e por mais diferentes que sejam, são suficientes para deixá-los muito mal.

A irmã de Violet morreu em um acidente de carro a menos de um ano, e desde então Violet não consegue fazer nada além de pensar em como é injusto ela se divertir, fazer qualquer outra coisa quando ela sobreviveu ao acidente, mas sua irmã não. De certa forma ela se sente culpada pelo que aconteceu, e esse peso não pretende sair de suas costas tão cedo. Até escrever, que é uma coisa que ela ama, ela não consegue fazer mais.

Theodore Finch tem uma família despedaçada. Seu pai, um homem que o espancava quando criança sem motivos, e que ainda tem acessos de raiva e violência aleatórios, abandonou sua família para ir morar com outra. E ninguém está de fato preocupado com o que se passa com Theodore. "Ele é o esquisito mesmo, é seu jeito de ser".

É a partir deste dia na torre da escola que a amizade ou a quase amizade por um tempo, começa a se desenvolver. Finch e Violet se juntam para fazer um trabalho de Geografia e partem em pequenas viagens para conhecer o estado onde moram. É nessas "andanças" como eles chamam, que começam a se conhecer melhor.


Uma nota da autora ao final do livro fala sobre a ligação pessoal dela com a história. De onde surgiu "Por Lugares Incríveis" e a importância de cada personagem e seu mundo.

Ela reforça no livro e reforçarei aqui também a importância de falar sobre suicídio, depressão, transtorno bipolar entre outras coisas. Não podemos ser negligentes ao ponto de simplesmente não nos preocuparmos com isso.

Finch a todo momento está gritando por socorro: não com palavras, mas com atitudes. Uma pessoa com algum diagnóstico - ou sintomas de alguma doença - não pode ser isolada, rotulada, "deixada para trás porque é só o jeito dele". Não, não é o jeito dele de ser, mas o jeito dele de pedir ajuda.  É preciso se colocar no lugar de quem precisa ser ajudado para se entender o que se passa com ele.

Jennifer Niven
Finch é diversos Finchs em um só. É imprevisível quem ele será amanhã: um Theodore dos anos 80, o Bad Boy, enfim. É uma das formas que ele tem de tentar fugir da realidade, sempre tentando ser qualquer um, menos ele próprio. O livro é narrado alternadamente por Violet e Finch, e isso é muito bom por trazer os dois pontos de vistas ao mesmo tempo, nos permitindo conhecer melhor o mudo de cada um.

Fiquei o tempo todo lembrando de coisas que a gente acaba ouvindo durante a vida. Eu sou estudante de psicologia, e por isso muitas pessoas fazem perguntas bem curiosas sobre a mente humana e o que ela é capaz. Em uma dessas conversas, eu ouvi uma pessoa afirmando com toda certeza que um suicídio é cometido por alguém que tem mente fraca. Que depressão não é responsável por algo tão bruto.

É neste momento que eu paro e penso, eu ainda preciso ter esperanças de que esse tipo de ideia vá mudar. Eu preciso respirar fundo e explicar que esse negócio de mente fraca é de uma ignorância tamanha que não cabe no meu ser. Não é mente fraca, não é falta de Deus no coração, não tem nada disso, e é disso que o livro trata. Quem sofre de alguma doença psicológica precisa ser acolhido e não julgado, e se quem ler este livro não entender isso de uma vez por todas, leia de novo porque leu errado.


É preciso parar e pensar sobre como algo que não nos machuca pode sim machucar alguém. Não é porque eu não tenho medo de baratas que eu devo julgar, punir, rotular quem tem. Cada um sente o que tem pra sentir da forma que foi preparado para isso. Jennifer Niven nos mostra bastante essa questão no momento em que nos dá dois personagens totalmente diferentes, com motivações e histórias de vida diferentes, que levaram ao mesmo objetivo no final das contas.

Não tem uma fórmula única de "como ser alguém com depressão". É esse o ponto principal, subjetividade, individualidade e respeito somado com empatia para lidar com esses casos. Por Lugares Incríveis é um livro que recomendo fortemente para todos, todos mesmo, por tratar de um assunto tão importante, ter uma escrita muito fluida e uma tradução (de Alessandra Esteche) tão boa.

A capa é linda, tem um toque emborrachado nela e a edição da Editora Seguinte também está maravilhosa. Vale muito a pena, de verdade.

Então por hoje vou ficando por aqui, espero que gostem do livro como gostei e que ele marque vocês como me marcou também. Aguardo vocês no próximo post, até lá!

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21 comentários:

  1. É muito importante falar sobre depressão, pois é algo que parece distante da gente, mas não é bem assim.
    Obrigado pela dica, Anny.

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    1. Nem sempre é algo que só bate na porta dos outros, não é mesmo? E também não é uma discussão necessária apenas porque pode ser algo que atinja a gente diretamente, mas por também ser algo que está no mundo que carece de respeito e empatia hoje.
      Fico feliz que tenha gostado da resenha, Danilo!

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  2. Nossa, parece mesmo ser um livro muito bom. Nunca li nenhum da autora, mas é bem o estilo de leitura que gosto. Preciso ler... adorei a sua resenha.

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    1. Oi, Rafa! é uma narrativa muito boa, e bem tocante. Espero que goste da leitura assim como gostei!
      Fico feliz que tenha gostado da resenha <3

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  3. Já quero ler. Amo livros de todos os gêneros e sua resenhas me deixou curiosa pra conhecer um pouco mais de Violet e Theodor.

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    1. Eles são dois personagens apaixonantes, cada um com sua vida, diferentes em todas as formas e ainda assim iguais na essência. Boa leitura!!

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  4. Que livro bacana, eu adoro ler sobre esses assuntos porque como não passo por esses problemas morro de medo de ser o motivo da dor de alguém que já sofra disso, então, tento ser a melhor pessoa que eu posso e estou sempre ligada nos sentimentos dos meus amigos, tento fazer o possível. Não conhecia o livro e ele me chamou muito a atenção pela sua resenha, talvez se eu apenas tivesse visto ele em uma livraria não compraria mas sua resenha me ajudou a adiciona-lo no skoob, vou ler com certeza!
    Um grande beijo!

    Lesjoursdemarcela.blogspot.com.br

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    1. Ele faz a gente refletir bastante, não é? Sobre o valor das pessoas para nós, e nosso valor para elas. Espero que goste da leitura, ela promete algumas lágrimas derramadas, tá? haha
      Beijão! <3

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  5. Não conheço a autora. Mas sua resenha foi sensacional. Muita gente encara a depressão emtre outros problemas psicológicos como frescura, mas só quem passa ou convive com alguém próximo sabe que vai muito alem disso. Vou procurar por esse livro. Um beijo e ate mais...

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    1. Eu conheci essa autora com "Por Lugares Incríveis" também! Foi um belo começo, inclusive. A mente fechada do ser humano precisa mesmo desse empurrãozinho pra entender que cada um tem suas questões e precisa ser respeitado!
      Que ótimo que gostou, fico muito feliz! Boa leitura!
      Até mais <3

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  6. Esse livro é muito bom, já ouvi falar sobre ele. Depressao ainda é visto pelas pessoas, infelizmente como mimimi. Tenho familoares com esse problema e é bem serio. Muito boa sua resenha crítica!

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    1. É muito sério mesmo, bem complicado isso. Muitas pessoas só aceitam como "doença" algo que esteja no corpo, marcado, machucando fisicamente. Eles precisam entender que não é bem assim.
      Fico feliz que tenha gostado da resenha <3

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  7. GOSTEI DO SINOPSE, ACHO QUE É UM BOM LIVRO.
    RECOMENDO À TODOS QUE LEIAM!

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  8. Que sinopse mais chamativa.
    Foi por esse motivo que esse livro esta no meu carrinho de compras na Amazon. Assim que possível irei adquirir.
    Foi bom ter lido a sua resenha pois me chamou mais a atenção ainda.
    Beijinhos e sucesso.

    www.segredosdajuhcosta.com

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    1. Oi Juh! Quando comprar e ler, me conta! Quero saber o que achou. Fico feliz que tenha gostado da resenha.
      Sucesso!

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  9. Que livro interessante, gosto muito de ler sobre esses assuntos , não tenho pessoas com esse problema em casa mas mesmo assim gosto de me mante atualizada.Parabéns!!

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    1. Obrigada Maria! É sempre bom conhecer melhor sobre a mente humana e o que acontece com ela.

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  10. "...muitas pessoas fazem perguntas bem curiosas sobre a mente humana e o que ela é capaz" me senti parte disso, lembro de varias conversas nossa dessa natureza <3. Muito bacana você abraçar essa causa, com toda certeza do mundo isso não é coisa de gente com mente fraca, depressão é uma doença grave e graças ao isolamento, é também silenciosa. É preciso muito debater sobre isso pra que com o tempo as pessoas possam se conscientizar e criar essa empatia, como você mesmo citou.

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    1. hahaha lembro bem de nossas conversas! E sempre que algo está no meu alcance, me sinto feliz demais em poder ajudar. Depressão, assim como todo e qualquer diagnóstico psicológico precisa de empatia e compreensão das pessoas para parar de uma vez com essa ideia de que é "frescura".
      Espero que isso vá mudando com o tempo. Eu faço meu melhor para conseguir um pouquinho ao menos!

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