Filme: O PALHAÇO - Selton Mello

Eu sempre penso em algo para introduzir a resenha antes de colocar pôster do filme e detalhes técnicos. Desta vez não consegui pensar em nada... Culpa de Selton Mello.

Título: O Palhaço
Ano: 2011
Direção: Selton Mello
Gênero: Comédia, drama
90 min

Quem me conhece sabe que desde que me entendo por gente há uma dupla de atores brasileiros que são minhas paixões: Selton Mello e Matheus Nachtergaele. É só ligar os pontos e ver que essa dupla automaticamente nos leva ao clássico O Auto da Compadecida, que nunca canso de rever.

Essa paixão pelos dois me faz ter uma vontade imensa de sentar e parar tudo na minha vida até estudar sobre a carreira deles, assistir os trabalhos que fizeram, enfim. Só há um porém: o fato de eu não ser muito fã das produções (assim como os livros) nacionais. Como eu disse alguns posts atrás, irei falar mais sobre isso depois.

Porém, contudo, entretanto, todavia (sim), eu fui me aventurar pelo longa O Palhaço de 2011. Esta foi a melhor ideia que já tive em muito tempo.

O filme segue o dia a dia das apresentações da trupe do circo Esperança. Apresentações simples e regadas de bom humor, que conseguem passar uma impressão de que todo mundo ali é sempre feliz e transpira alegria... Mas atrás do picadeiro não é bem assim. Todos possuem seus problemas pessoais, o circo parece passar por dificuldades financeiras e temos Benjamin (Selton Mello). Benjamin está tendo problemas com ele mesmo, com sua identidade, com seu interior.

Seu pai namora a dançarina do circo bem mais nova que ele, e Benjamin sabe que ela só o manipula, só está com ele por ser o dono. Ele fica então em um impasse se conta para o pai ou não, acaba guardando para si as angústias da vida e vai ficando cada vez mais petrificado, congelado, paralisado para tudo. Ele é aquele palhaço que não ri.

Imagem linda do site O Palhaço - O Filme

"Eu faço o povo rir, mas quem é que vai me fazer rir?"

Benjamin vai sim em procura da sua identidade, e aqui não estamos deixando de fora o documento de identidade também. É como se demarcasse um processo de virada, de mudança em sua vida: quando ele deixa de ter só a certidão de nascimento, certidão do nascimento do palhaço, e agora uma nova identidade, a do palhaço-homem. 

O filme tem conteúdo, tem humor. É tudo sem apelação, sem precisar recorrer a nudez, sexo, palavrão. Há sensibilidade, beleza, e digo beleza não só em um aspecto isolado, mas em TUDO: há beleza na fotografia, no roteiro, trilha sonora, simplicidade e ao mesmo tempo a complexidade dos personagens, atuações, e por favor, que atuações!

Já sabemos há muito tempo que Selton Mello é um excelente ator. Se alguém ainda tinha dúvidas disso (se é que é possível), O Palhaço bateu o martelo e deu o veredito final.

Imagem: O Palhaço - O Filme

Eu vi ali no palco diversos artistas que amo. Vi Stan Laurel, vi Buster Keaton, vi Mazzaropi, vi Chaplin - e principalmente na cena em que Benjamin decide ir em procura de sua identidade. Sem palavras, muita emoção. Paulo José como o palhaço Puro Sangue completa com maestria as cenas em que aparece, é uma coisa maravilhosa de se ver.

Concluindo para que eu possa voltar ao meu momento reflexão pós filmão maravilhoso, se eu visse Selton Mello algum dia, eu não diria parabéns pelo filme. Eu diria além disso: diria obrigada. Se o longa teve o propósito de fazer pensar, refletir sobre quem somos, o que somos e o que os outros são, atingiu o objetivo com sucesso!

Abaixo deixarei o Trailer para vocês, espero que gostem o tanto que gostei! Nos vemos na próxima!