quarta-feira, 25 de julho de 2018

Livro: O ÚLTIMO ADEUS - Cynthia Hand

Aquele livro que prende minha atenção por ter algo relacionado à profissão que escolhi para a vida (psicologia) e por ter uma edição tão bonita e bem feita... Este é O Último Adeus.

Resenha Último Ato!
  • Título: O Último Adeus
  • Título original: The Last Time We Say Goodbye
  • Autor: Cynthia Hand
  • Editora: Darkside
  • 352 Páginas
  • Edição – 2016
Sinopse:
“Desculpa, mãe, mas eu estava muito vazio.” – Tyler 
A autora de fantasia que está encantando leitores com a força de sua escrita lança seu primeiro romance contemporâneo – uma trama comovente e impactante situada nos dias de hoje. Depois de sucessos internacionais como a saga Sobrenatural, Cynthia Hand demonstra todo o seu talento numa história sobre perda, culpa e superação. O Último Adeus é narrado em primeira pessoa por Lex, uma garota de 18 anos que começa a escrever um diário a pedido do seu terapeuta, como forma de conseguir expressar seus sentimentos retraídos. Há apenas sete semanas, Tyler, seu irmão mais novo, cometeu suicídio, e ela não consegue mais se lembrar de como é se sentir feliz.

O divórcio dos seus pais, as provas para entrar na universidade, os gastos com seu carro velho. Ter que lidar com a rotina mergulhada numa apatia profunda é um desafio diário que ela não tem como evitar. E no meio desse vazio, Lex e sua mãe começam a sentir a presença do irmão. Fantasma, loucura ou apenas a saudade falando alto? Eis uma das grandes questões desse livro apaixonante. O Último Adeus é sobre o que vem depois da morte, quando todo mundo parece estar seguindo adiante com sua própria vida, menos você. Lex busca uma forma de lidar com seus sentimentos e tem apenas nós, leitores, como amigos e confidentes.
Alexis é uma garota de dezoito anos que perdeu recentemente seu irmão Tyler, que cometeu suicídio. Tudo que ele havia deixado como despedida era um post-it no espelho de seu quarto escrito "Desculpa, mãe, mas eu estava muito vazio"

E era isso, o necessário para fazer com que ela se tornasse "a menina cujo irmão cometeu suicídio", a menina que faz terapia regularmente, filha da mãe que deixou de viver a própria vida com alegria por causa de todas as perdas que enfrentou. Além de tudo isso, Lex se sentia culpada pelo que aconteceu, e sequer conseguia chorar, extravasar o que sentia.


O pai de Lex e Ty saiu de casa para morar com a secretária, sua nova namorada, bem mais nova que ele e que a mãe dos meninos, quem inclusive nunca deixou de esperar pela sua volta. Tanto Alexis quanto o irmão nunca perdoaram o pai por isso. Os amigos de Lex, inclusive, tentam ajudar de alguma forma, mas ela acaba se afastando deles, tentando evitar tanta compaixão e afeto por um tempo.

A menina ainda está esperando a resposta do MIT, uma Universidade renomada a qual ela sempre sonhou entrar. Estresse demais em pouco tempo: é a vida de Lex.

Seu terapeuta dá então, uma ideia diferente para que ela possa extravasar suas ideias e pensamentos. Ele a entrega um diário e pede que ela escreva nele sobre o irmão, sobre bons momentos que ela passou com ele, boas memórias. É quando Lex nota que não é tão fácil quanto parece, e sente que aos poucos, está na verdade esquecendo de seu irmão, dia após dia, e se sente ainda pior por não se lembrar de suas últimas palavras para ele.

Ela guarda inclusive um segredo dentro dela que a fez afastar até de seu namorado, a quem realmente ama muito. 

Cynthia Hand. Imagem: Goodreads
Já ouvi todo tipo de comentário sobre este livro. Desde "Alexis me cansa, ela é irritante" a "todo um mimimi a respeito do menino que morreu"... Insensibilidade, eu diria. Falta de empatia, aliás. Vou discorrer sobre o motivo agora.

Imagine você perdendo a pessoa a quem você é mais próximo(a). Em seguida, você se sente culpado(a) e carrega um segredo relacionado a esta perda. Todos passam a te olhar torto, sentir pena, quer ser amigo, quer ficar grudado demais quando você só quer um espaço para pensar e engolir seus demônios internos. Ainda tem que se mostrar forte porque sua mãe está desmoronando em provavelmente um estado melancólico que é ainda maior que o luto. Coloque-se no lugar de Alexis e em seguida leia o livro.

O que é preciso é uma mente aberta, é saber que o processo do luto é diferente em cada um e que esse cada um irá viver (e precisa vivê-lo) a seu modo. A forma com que Cynthia nos trás esse processo unido ao desenvolvimento adolescente, com sonhos simbólicos e o trabalho da escrita como parte de terapia é incrível. É preciso apreciar este livro com calma e mente aberta. Então será uma bela experiência para você.

Imagem: Darkside
Eu sempre utilizei da escrita para refletir sobre os momentos da minha vida. Mantive um diário por muito tempo durante a adolescência, e atualmente tenho uns projetos similares. Antes de ler O Último Adeus, comecei a escrever algumas coisas para um remetente, coisas que eu não diria naturalmente em sã consciência - por receio do que poderia ser dito em resposta, talvez - e devo dizer que é uma tarefa incrível: realmente funciona.

O terapeuta de Alexis, ao ver sua dificuldade de se expressar no diário dá exatamente essa ideia: escrever para um remetente. Não é para escrever pensando em entregar aquilo para a pessoa, o que faz funcionar é justamente dizermos o que sentimos e pensamos como se não houvesse censura nem nada do tipo. Me surpreendi ao ver que algo que faço há tanto tempo foi abordado de forma tão natural e importante em um livro marcante como este.

Inclusive abri este tópico na resenha justamente para dar esta ideia a você que está lendo: faça. Escreva uma carta, um e-mail, qualquer coisa, para alguém falando aquele sentimento que está há muito tempo guardado no seu peito. Não precisa fazer com que ela leia, só escreva, extravase. Você sentirá um alívio gigantesco.

Logo Darkside. Imagem: Twitter.
Sobre a edição da Darkside, só elogios mais uma vez. Houveram alguns errinhos no texto, mas nada que incomodasse ou fosse impossível de prosseguir. Realmente esperei por um post-it dentro do livro, mas não teve, infelizmente haha mas tudo bem. Todo o texto está em azul, imitando a cor da caneta, e temos uma capa soft-touch maravilhosa que pela primeira vez em toda minha experiência com este tipo de capa, não ficou marcada nem suja (talvez seja por ter tons claros).

Muitas pessoas me disseram que choraram com o final do livro, e eu sou uma pessoa bem contida em público, então consegui me segurar. Mas realmente foi difícil ao ver toda a história se desenrolando, o trauma vindo à tona e "libertando" Alexis de seu mundo fechado dentro de sua própria mente. Vale a pena demais ler este livro, tanto quem se interessa quanto quem não se interessa por psicologia.

E por último e MAIS importante, gostaria de deixar com vocês o número 188 que é para prevenção ao suicídio. Se você conhece alguém, ou você mesmo está passando por um momento difícil ao qual parece mais complicado do que você consiga segurar, não hesite em ligar. É uma ligação gratuita e que fornece uma mão amiga quando mais se precisa. 

Imagem: @annymourac
Então por hoje é só, pessoal. Espero que tenham gostado da resenha e da dica de leitura... Vejo vocês no próximo post!

4 comentários:

  1. Engraçado, ao ler essa resenha e sua sugestão me dei conta de que já a segui por algumas vezes e realmente, parando para pensar, e um alivio. Certa vez, com um aflição tamanha por estar sonhando com uma garota por quem tinha certo carinho todos os dias peguei papel e caneta e me coloquei a escrever duas músicas, como se fosse uma declaração. Foi como um desabafo, toda a aflição passou. A quem ainda não experimentou tal sensação, sigam o conselho que a Anny trouxe, mas so depois de ler a resenha que tá excelente, como sempre!

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    1. Olha que incrível!! Da sensação de aflição e medo do desconhecido, vieram duas composições... Isso é incrível. O importante é colocar pra fora os sentimentos, e não deixar eles virarem uma bola de neve dentro de ti. Obrigada pelo comentário Rodrigo! Fico feliz demais que tenha gostado do meu texto. Te vejo na próxima!

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  2. A ideia de escrever para um retemente é muito boa, eu tentei a um tempo atrás escrever um diário, nos primeiros dias eu escrevia direitinho, depois comecei a falhar uns dias até abandoná-lo de vez.
    Mas de fato escrever sobre as dificuldades do dia-a-dia ajudaram-me, sério, não foi algo que pensei conscientemente, mas eu estava meio na bad naqueles dias e a ideia de relatar meus sentimentos diários me veio á cabeça e foi muito bom. Seguirei a dica da carta.
    O livro é uma ótima recomendação e quero lê-lo, perder alguém próximo é sempre difícil, por mais que seja uma ficção, vejo que pode-se aprender muito ao ler esse livro.

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    1. O diário deixa a gente um pouco engessado mesmo com a ideia de "tenho que manter meu registro todos os dias". Por isso digo que escrever quando se sente bem pra isso é o melhor, independente se leve um mês ou mais entre um texto e outro. O importante é exteriorizar!!

      Obrigada pelo comentário, Danilo!! Espero que goste do livro assim como gostei <3

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