domingo, 8 de maio de 2016

Filme: TOUCHED BY AUSCHWITZ - Laurence Rees

Oi pessoas! Vamos ao filme de hoje, um documentário especial que nos mostra uma visão mais profunda sobre o holocausto. Bora?







Título: Touched By Auschwitz
Diretor: Laurence Rees
BBC 2015








Esse documentário nos mostra uma outra perspectiva sobre as pessoas que foram presas no campo de concentração Auschwitz, o que mais matou durante o holocausto. É bom lembrar que nem todos que foram para os campos de concentração eram judeus. O objetivo de Hitler era acabar com aqueles que ele julgava "desnecessários" ou "perigosos" para a sua tão sonhada "raça pura": ciganos, homossexuais, negros, portadores de necessidades especiais... Mas em maior número, foram os judeus.

Mais de um milhão de pessoas morreram em Auschwitz, sendo 1944 o ano com mais mortes. Seu campo principal foi aberto em 1940, e mais da metade dos Poloneses que foram enviados para lá nesse ano morreram em 20 meses. O mundo só teve conhecimento das crueldades dos campos quando estes foram liberados. 

Essas são algumas das informações chocantes que temos nesse documentário, o qual me arrisco a dizer que é um dos melhores sobre o tema que já assisti. A perspectiva que ele nos traz é diferente da presente nos demais: ele não passa conosco o tempo todo dentro do campo de concentração, ele nos apresenta seis sobreviventes onde cada um conta à sua maneira como foi a vida durante e pós a prisão em Auschwitz. 


Estrada de terra que entra no campo Auschwitz. 
O diretor Laurence Rees, visitou seis lugares diferentes para nos apresentar nossos personagens. Londres, Jerusalém, Chicago, Bavaria, Cracóvia e Tel Aviv, (e claro, Auschwitz) foram nossos cenários de fundo.

Uma coisa que os sobreviventes tem em comum são os pesadelos. Acordam várias vezes gritando com medo das lembranças que os atormentam há décadas. A primeira pessoa a qual somos apresentados é Halina Birenbaum, que infelizmente ainda lembra de seu passado em cada segundo de sua vida. Ela nos mostra isso em uma conversa com seu filho, onde lembra que quando o via brincando, se imaginava naquela mesma idade presa sem poder fazer nada além de trabalhar e passar fome. Não há como dizer que neste documentário um entrevistado sofreu, ou ainda sofre mais que o outro, mas devo ressaltar que a profundidade em que os acontecimentos marcaram Halina é uma coisa impressionante. Seu filho fez quarenta anos de terapia tentando superar todo o horror das histórias que sua mãe lhe contava.

Nossa segunda personagem é Giselle Cycowicz. Doutora em psicologia, faz terapia com outros sobreviventes da guerra e diz que conversar com eles a ajuda também a superar o que houve. Giselle contou para os filhos que esteve em Auschwitz, porém preferiu poupá-los dos detalhes. 

Uma frase marcante que essa segunda personagem diz é "A raiva faz você perder a cabeça". Ela dá uma aula de superação.



O terceiro sobrevivente é Herman Höllenreiner "Mano" e o que ele passou depois do campo é fora do comum. Diferente dos demais, os chamados ciganos eram colocador em uma ala separada no campo e eram permitidos a ficar junto da família. Mano foi para lá com nove anos de idade e saiu aos onze, sendo levado para a França.

Doente, sem saber falar o novo idioma e longe da família, foi encontrado e levado para a casa de uma mulher que além de francês, falava alemão. Mas ele estava perturbado demais pelo que sentiu e com saudades da mãe, até que acabou sendo enviado para um manicômio, onde, para minha terrível surpresa, eles testaram o "novo treinamento" naquela criança: a ECT (eletroconvulsoterapia, onde se davam choques fortes na cabeça). Depois de muitas idas e vindas, Herman reencontra sua mãe em 1947 e décadas depois conseguiu rever Paul, o filho da francesa que o ajudou quando criança.

Quarto sobrevivente é Tadeusz Smreczynski, que entrou no campo em 1944 com dezenove anos, e depois da guerra voltou para a Polônia onde estudou medicina em uma faculdade renomada. Como a Polônia estava tomada pelo comunismo, ele foi chamado para entrar no exército, e por questão de princípios, recusou. Sendo assim, quando formou-se, os comunistas proibiram-no de abrir uma clínica, o obrigando a se alistar. Teve que passar ainda seis anos no exército até poder voltar para sua família. Tadeusz removeu cirurgicamente o pedaço de pele a qual o número de identificação do campo foi tatuado.

Vista atual de Auschwitz. Créditos da foto: docuwiki.net

Conhecemos também Freda Wineman, uma francesa que após a guerra mudou-se para Londres. Sofreu muito ao ver-se em uma cultura totalmente diferente, principalmente pelo fato de ninguém lá querer ouvir sua história. 
Freda casou-se, mas perdeu o marido ainda jovem (hepatite). Como não tinha um testamento onde tivesse deixado algo para ela, freda teve que cuidar das duas filhas com dificuldade.

Por último, conhecemos Max Epstein, que foi no campo separado da mãe, em seguida levado para trabalhar em uma fábrica a 1,5km de Auschwitz. Sua história no campo me lembrou um pouco A Lista De Schindler (que vocês podem conferir a resenha do livro clicando aqui, e a resenha do filme clicando aqui), e também um pouco sobre O Menino dos Fantoches de Varsóvia (livro de Eva Weaver que você pode ler a resenha clicando aqui), pelo fato de um soldado alemão ter ajudado Max a ser poupado da brutalidade. Segundo ele o soldado não gostava de ver crianças apanhando, e isso o fez ajudá-lo. 

Max foi morar em Israel com a mãe após a a liberação dos campos, e conta que a guerra que houve lá contra os árabes o ajudou a superar as memórias do Holocausto. Um tempo depois foi para os EUA e seguindo suas ambições de vida, virou professor de engenharia elétrica em Chicago. 

A frase de Max que mais me marcou foi:
 "Homens decentes que não fazem nada permitem que o Mal vença". 

Um prisioneiro de Auschwitz em seu uniforme listrado.

Podemos dizer que este documentário, antes de qualquer coisa, nos mostra que embora milhões de pessoas tenham passado juntas por uma história única naquele espaço de tempo, cada uma tem a sua própria história, seu passado, seu corpo histórico, seu "pedaço de chão" percorrido. O holocausto na Segunda Guerra foi uma história que começou e terminou, mas cada um daqueles milhões assassinados sem motivo nesse massacre tinha suas raízes, e é preciso que entendamos sim cada pessoa como única

Assim é menos complicado entender as dimensões dessa brutalidade. E é preciso que saibamos hoje sobre o ontem, pra que isso não se repita amanhã.


Leitura complementar:
BBC - Site em inglês com informações sobre o documentário.

E é com esse tema que nos faz refletir, que me despeço de vocês. Nos vemos no próximo, pessoas!

2 comentários:

  1. Mesmo a vista atual de Auschwitz ainda tem um ar macabro, ainda mais com toda essa névoa. Belo artigo Anny, Obrigado pela dica!

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    1. É verdade, Auschwitz continua um lugar bastante medonho. Muito obrigada, Danilo, fico feliz que gostou!

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