domingo, 4 de março de 2018

Livro: CANÇÕES DE NINAR DE AUSCHWITZ - Mario Escobar

De volta às resenhas de livros sobre a Segunda Guerra! Sem eles, eu não seria eu, não é mesmo?

Resenha Último Ato!
  • Nome Original: Canción de Cuna de Auschwitz
  • Autor: Mario Escobar
  • Editora: Harper Collins Brasil
  • 224 páginas
  • 1ª Edição – 2016
Sinopse:
Neste livro, Mario Escobar conta a trajetória real de uma família que passou 16 meses encarcerada em um campo de concentração nazista. Helene Hannemann era alemã, mas mesmo assim optou por partir para Auschwitz junto de seu marido e os cinco filhos com ascendência cigana quando os policiais da Gestapo bateram à sua porta. Por ser enfermeira, mas, sobretudo, alemã, Helene foi escolhida pelo médico Josef Mengele, mais tarde conhecido como ‘O Anjo da Morte’, para ser a diretora do jardim de infância do campo. No final da guerra, entre os papéis de Mengele, foi encontrado o diário que Helene manteve durante todo o seu período no campo de extermínio. Tendo como base a infeliz história daquela família, o autor nos emociona e surpreende ao narrar os medos, privações, torturas e até mesmo histórias de superação que milhares de pessoas vivenciaram sob o poder dos nazistas.
Mario Escobar nos conta a história de Helene Hannemann, uma enfermeira alemã (ariana) que foi presa no campo cigano em Birkenau Auschwitz II por amor ao seu marido, Johann. Ele era cigano e tiveram cinco filhos. Durante a retirada dos ciganos das cidades de domínio alemão, a polícia nazista foi atrás de Johann, mas Helene recusou-se a deixar que o marido e os filhos fossem sem ela.

É sempre necessário falar sobre a mancha na imagem da história da Alemanha, sobre o massacre que ocorreu durante a Segunda Grande Guerra enquanto a nação estava sob o domínio dos nazistas. É importantíssimo, também, ressaltar que o foco no holocausto era o extermínio de pessoas que não eram consideradas de "raça pura", e embora o foco desse massacre fossem os judeus, tanto os ciganos, homossexuais, portadores de necessidades especiais, quem ia contra a política vigente, entre outros grupos também sofreram com a doutrina nazista.

O foco de "Canções de Ninar de Auschwitz" é justamente o campo de ciganos em Auschwitz II, principalmente Helene, uma mulher que foi capaz de conseguir coisas inimagináveis de Josef Mengele, o médico nazista conhecido como "o anjo da morte". 

Ao chegar no campo, Helene e seus filhos foram separados de Johann. Diferente do campo judeu, no campo dos ciganos era permitido que as mães ficassem com as crianças. Sua entrada em Auschwitz foi cercada de confusões ao ser colocada no barracão com as russas, e acabou sendo hostilizada por não ter a mesma nacionalidade que elas. Após ir para o barracão das ciganas alemãs, as coisas ficaram um pouco menos difíceis. 

Mario Escobar.
Por ser enfermeira, Helene consegue um trabalho no hospital do campo. Não demora para descobrir que de hospital aquilo só tinha o nome: não era feito exatamente para tratar doenças dos presos para que ficassem melhores. É 1943 quado Josef Mengele aparece no campo, e Helene acaba chamando sua atenção por sua determinação e seu instinto materno. Possivelmente ele tinha em sua mente a ideia de que como ariana, essas eram as características desejáveis em uma mulher.

Com o tempo, Mengele acaba oferecendo a Helene a proposta de ser a diretora de uma creche no campo. Por mais que seja absurdo conceber que um lugar tão cheio de vida poderia existir dentro de Auschwitz, Helene aceita como forma de fazer com que as crianças tenham ao menos o menor sofrimento possível nos tempos de guerra.

A verdade é que tamanha ação aparentemente boa de Mengele escondia por trás mais crueldade. Ele queria as crianças do campo bem alimentadas e saudáveis para que pudesse aplicar nelas suas experiências. Desde unir gêmeos saudáveis por meio de cirurgia na tentativa de "criar gêmeos siameses" - o que causava gangrena, dor extrema e morte - ele também injetava produtos químicos nos olhos das crianças para conseguir mudar a cor deles.

Auschwitz.
É completamente necessário conhecer a história, principalmente para não deixarmos que ela aconteça novamente. Só que é preciso ir com cuidado.

Quando soube dos diários de Helene - que depois descobri não existirem na vida real - imaginei que o livro tivesse trechos desses diários junto com um livro estilo biografia mesmo. Porém achei "Canções de Ninar" muito romantizado. Romantizar demais uma história dessas pode não ser uma boa ideia.

Tal romantismo, inclusive, pode ter prejudicado os diálogos. Uma personagem pergunta: "Oi, como você está?" e a outra responde contando uma biografia completa de sua vida, mesmo que não conheça a pessoa com a qual ela esteja conversando. 

Outro ponto importante é que a tradução do livro pecou (bastante, muito mesmo) um pouco. Um exemplo é que o último parágrafo da página 61 é completamente confuso, e foi preciso reler mais de uma vez pra conseguir entender onde chegaria. Outro detalhe como: "Disse ao resto de professoras" - pode ser uma frase construída da forma certa, mas "ao resto" me faz imaginar qualquer coisa que não remeta a seres humanos em um diálogo. 

Mario estava certo ao dizer que precisamos passar essa história para outras pessoas, deixar a memória de uma mulher incrível como Helene, viva. O livro é uma incrível forma de introdução ao que ocorreu em Auschwitz, porém não dá pra saber até onde foi romance, onde foi biografia. Embora a pesquisa tenha sido bem feita. 

De acordo com as fontes da foto, esses são dois garotos ciganos forçados a tocar seus violinos
para quem chegava aos campos de prisioneiros. Imagem: www.reddit.com
A história de Helene é tocante, e saber que ela conseguiu diálogo com tamanho monstro como Mengele é surpreendente. Talvez o tenha conseguido apenas por ser alemã, ou ele tinha algum tipo de admiração estranha por ela que não era possível descrever. 

Vale a pena uma pesquisa à fundo depois da leitura do livro, embora não se tenha tanta coisa para ler sobre Helene, mas é possível encontrar textos sobre o campo de ciganos em Auschwitz.

Quanto mais eu leio sobre a Segunda Guerra, as batalhas, o holocausto, as condições que o ser humano foi exposto nessa época, mais eu quero ler sobre. Eu sei que no fundo posso estar procurando uma forma de entender tudo aquilo, de achar um motivo, uma razão, embora esteja certa de que não há nada que justifique tamanha crueldade.

Gosto de falar sobre o tema no blog, como vocês já notaram. Espero que gostem, e vou ficando por aqui com esta foto acima, que é bem marcante e chocante. Vejo vocês no próximo post, meus amores! Até lá!

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9 comentários:

  1. Confesso que só em ler o nome dele me dá arrepios. Fiquei muito curiosa para ler esse diálogo...

    Super beijos,
    Blog Missmoon

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  2. Fiquei mega curiosa, vou procurar pra ler.

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  3. Também gosto muito de ler livros sobre a Segunda Guerra, e quanto mais eu leio a respeito, mais chocada eu fico com a crueldade, fiquei com vontade de ler esse livro!

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    1. Se deixar eu fico horas e horas seguidas pesquisando e conhecendo mais sobre a Segunda Guerra. É um aprendizado quase que infinito, sempre tem uma coisinha nova que surge!

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  4. O inicio me lembrou o A Vida é Bela, com a mulher alemã que era casado com um cigano e quis ir atrás do marido e dos filhos pro campo de concentração, por amor. Bem profundo isso e nós faz pensar como é uma maluquice e besteira ao mesmo tempo todo o ódio por trás disso. É muito bom ver coisas novas dessa época mesmo, como disse, só conhecendo a história para que não se repita.

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    1. E infelizmente, às vezes mesmo conhecendo a história, há aqueles que a querem repetir... :(

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  5. O inicio me lembrou o A Vida é Bela, com a mulher alemã que era casado com um cigano e quis ir atrás do marido e dos filhos pro campo de concentração, por amor. Bem profundo isso e nós faz pensar como é uma maluquice e besteira ao mesmo tempo todo o ódio por trás disso. É muito bom ver coisas novas dessa época mesmo, como disse, só conhecendo a história para que não se repita.

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