quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Filme: NOITE E NEBLINA - Alain Resnais

A dica de hoje ainda vai novamente abordar a história mundial. Como anteriormente falamos de Primeira Guerra Mundial, Crise de 1929 e New Deal, hoje vou falar um pouco sobre o Holocausto na Segunda Grande Guerra, passando pelos campos de concentração nazistas.






Título: Noite e Neblina
Título original: Nuit Et Brouillard
Direção: Alain Resnais
País de origem: França
Ano: 1955
Gênero: Documentário
Duração: 30min







Patrocinado pelo comitê de história da Segunda Guerra Mundial, Alain Resnais só aceitou fazer o documentário quando um verdadeiro sobrevivente de um campo de concentração escreveu o texto sobre o tema. Ele sabia que só quem esteve lá poderia descrever o que realmente aconteceu. E é com a marcante narrativa de Jean Cayrol, sobrevivente do campo de Mauthausen, que somos levados aos campos no pós e durante a Guerra.

O filme nos mostra em cores, cenas de diversos campos de concentração na época em que foi produzido, em 1955, dando uma visão de como tudo estava dez anos depois do fim daquela exploração. Em seguida, contando a história do antes, nos mostra em preto e branco (com imagens reais da época) como foram construídos os campos, como se fossem "grandes hotéis". Eram financiados por grandes investidores, e pode até se dizer que haviam subornos.


Uma de suas principais mensagens, é de que em qualquer lugar, não importa onde, não importa o quão bonito, não importa o quão pacífico, pode ter um campo de concentração. Isso nos une ao fato de que não é porque aconteceu há tanto tempo que simplesmente estamos livres de tamanha brutalidade nos dias de hoje. Quem pode nos prevenir de que aconteça novamente? É uma das questões levantadas pelo filme.
O silêncio existente em diversas partes do filme nos mostra que realmente, não tem como descrever tudo que aconteceu, de tão brutal, de tão desumano que era.

Então somos levados de volta à 1933, à discursos de Hitler, à desfiles e respeito da Alemanha Nazista pelo líder. Escondido de tudo isso, eram construídos os campos em lugares não tão fáceis de se chegar, com a finalidade de serem um caminho sem volta para quem entrasse.

Temos imagens dos trens partindo com superlotação para esses locais, pessoas vindas de todas as partes possíveis, colocando o plano de extermínio em execução.

Noite e Neblina é simples, é direto. Condena não só os soldados por terem participado de tamanha brutalidade, porém também as grandes corporações que financiavam aquelas prisões em troca da mão de obra escrava.

Temos também uma visão do que acontecia assim que chegavam nos campos. Todos tinham o cabelo raspado, a pele marcada com uma tatuagem identificando seu número, e como se já não houvessem sido humilhados o suficiente, eles são obrigados a se despir na frente de todos para depois colocarem um "uniforme" azul listrado. (Para quem já assistiu "O Menino do Pijama Listrado", sim, é daquele jeitinho o "uniforme").

O trabalho era definitivamente escravo. Trabalhavam na neve morrendo de frio ou no calor cortante, enfrentando a sede e as doenças. Brigavam entre si para conseguir comida muitas vezes, um roubando o alimento do outro - que eram escassos, quase não comiam. Haviam separações entre os blocos - o das crianças, o dos inválidos.

Podemos ver também a existência de "hospitais" - coloco entre aspas porque aquilo estava bem longe de ser um lugar para curar, para ajudar. Experiências eram feitas nas pessoas, alguns eram queimados por fósforo, outros sofriam mutilações experimentais, eram castrados, enfim, todo tipo de experiência. Tinham também as "prisões", que segundo o filme, eram gaiolas calculadas para não se poder ficar de pé nem deitado.


Muitos dos deportados morrem já nos trens, a caminho dos campos. Nos é dada uma visão da câmara de gás, que como o próprio narrador diz: por fora parece um pavilhão como os outros. Lá dentro, podemos ver as marcas no teto das unhas de quem tentava ainda sobreviver. Quando os crematórios dos campos não eram suficientes, corpos eram queimados em uma gigante fogueira ao ar livre.

Em uma passagem surpreendente, talvez uma das que mais mexeram comigo, nos é dito como tudo era recuperado (tanto os pertences materiais como pentes, óculos, alianças, sapatos, roupas), como também os corpos das vítimas. Cabelos eram usados para fazer tecido, com os ossos tentavam fazer adubo e, bem... Com o corpo eles queriam fabricar:


É um documentário forte sim, ele vai direto ao ponto. Certamente vai chocar e muito por muitos e muitos anos, porque ele mostra a realidade como é. Mostra que todos, no final, negam a responsabilidade daquilo que aconteceu, afinal, ninguém quer sofrer o que os deportados sofreram, não é? 

Mas então, de quem é a culpa? Estamos imunes a qualquer tipo de desumanidade igual a essa? É o que Noite e Neblina nos faz pensar. Quem torturava são pessoas como nós. Quem foi torturado são pessoas como nós. Como vamos saber distinguir uns dos outros? Os campos mostrados no filme não são identificados por nome, justamente para dar essa ideia de que pudesse ter acontecido em qualquer lugar.

A Segunda Guerra Mundial teve seu fim em 1945, dando fim também aos campos de concentração nazistas e ao holocausto. 

São apenas trinta minutos de filme, e vale o suficiente para uma bela aula sobre Holocausto. Possui imagens fortes sim, mas ainda deixa claro que não é o suficiente para que saibamos tudo do que aconteceu de fato.

Conheci esse documentário por meio do livro de Eva Weaver "O Menino dos Fantoches de Varsóvia", ao qual já fiz resenha e vocês podem conferir clicando aqui.

Vale a pena assistir! 

Você pode fazer o download do filme aqui.

Até o próximo!


Referências (Sites que auxiliaram na construção do post):

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