domingo, 15 de julho de 2018

Filme: COMO ESTRELAS NA TERRA - Aamir Khan

Que tal falarmos mais uma vez sobre os métodos de aprendizagem propostos pelos professores vs o que seria realmente efetivo para os alunos? Nada melhor que Como Estrelas na Terra para trazer uma bela imagem sobre o que eu quero dizer com isso. Lembra da palavrinha mágica? Empatia. Coloque-a em mente e vamos para a resenha.






Título: Como Estrelas na Terra
Título original: Taare Zameen Par
Ano: 2007
Direção: Aamir Khan
Gênero: Comédia Dramática
165min








Ishaan Awasthi (Darsheel Safary) é um menino com uma imaginação fora do comum. Tudo o fascina, tudo o distrai. Na escola, já foi reprovado no ano anterior, e neste corre riscos de ser reprovado novamente. Há um problema nos padrões que os pais e os professores insistem em encaixar o menino: nada o estimula. O pai está certo de que o menino não aprende porque não quer, faz birra, manha, é um preguiçoso.

Nada ajuda quando Ishaan tem um irmão padrão, o modelo do que ele deveria ser, o "aluno ideal". Enquanto o irmão tira notas altíssimas na escola, Ishaan com nove anos mal sabe ler e escrever. Afinal, qual será o "problema" desse menino?

Será que é mesmo um problema com ele?

Aamir Khan e Darsheel Safary como Professor Nikumbh e Ishaan Awasti
O pai de Ishaan resolve tomar uma atitude brusca em relação a uma "trapalhada" de seu filho: o menino, cansado de escutar sempre as mesmas coisas na escola, e depois de não levar o boletim assinado pelos pais, sai pelas ruas da Índia descobrindo novos ares, e ainda falsifica um bilhete com a ajuda do irmão justificando sua falta como resultado de um dia doente. O pai decide então, levá-lo para um internato.

É lá no internato que as coisas parecem piorar. Ele não tem mais o contato direto com a família, e ali fica cada vez mais difícil seguir os padrões impostos. Ishaan se vê isolado, fechado, sem mais opções para escape. Deixa inclusive de fazer o que mais o admirava: a arte. O menino tem um dom com desenhos e pinturas, e toda a pressão da nova escola o faz ficar cada vez mais deprimido e fechado dentro de si.

O mais impressionante é ver e pensar na dificuldade imensa dos professores de parar um segundo e pensar sobre por que raios Ishaan está sempre calado, sempre escrevendo errado, sempre isolado. Eles entendem que é algo que ele faz de propósito, e mesmo o menino estando com uma expressão melancólica absurda no rosto, eles ainda continuam a culpabilizar ele.

É mais fácil, sempre. Culpar uma criança por seu comportamento é mais fácil do que tentar entender tudo que se passa (e se passou) para ela estar assim. Se tem algo errado, mande para uma escola de pessoas especiais, vamos segregar. Mas jamais pensar em ajudar. Ajudar para quê?

Então, se você não souber responder este "para quê?", provavelmente você está tão cego quanto aqueles que julgam sem conhecer. E isso não é nem um pouco bom.


Na verdade, Ishaan tinha dislexia. É notável desde o começo pelos sinais. Ele era julgado por algo que não era escolha dele. Seu pai não aceitava ter um filho "anormal", os professores não aceitavam melhorar seus métodos... Até que chega o professor substituto Nikumbh (Aamir Khan) que passa a olhar o aluno não como problema, mas como um dos afetados por toda a discriminação que anda sofrendo. Ele vê em Ishaan a estrela que ele é, e enxerga seu potencial.

Com dedicação, cuidado e paciência, Nikumbh consegue aos poucos ir trabalhando isso em Ishaan. O final deixo para vocês descobrirem quando forem assistir, e adianto que é bem difícil não se emocionar com ele.

Este filme chegou até mim por uma professora na faculdade que propôs uma atividade avaliativa relacionada à história dele. Devo dizer que ela, assim como Nikumbh, nos instigou a assistir o filme, com trechos, com aulas sobre, introduziu ele com sutileza na sala de aula. Definitivamente isto já foi decisivo na minha vontade de assisti-lo, e é por isso que eu disse que iria mais uma vez linkar com a questão da aprendizagem hoje em dia. É disso que se trata: saber ensinar, saber entender a subjetividade. Sutileza.

Aquela foto que enche o coração de amor... <3
Este semestre foi BEM conturbado, e sendo sincera, foi bem torturante. No final, eu não sabia mais se conseguiria finalizar tudo que ainda estava pendente. Esse filme chegou em um momento especial, e foi algo lindo de experienciar. Sobre esta professora que tive, eu não acho que terei o prazer de ter aula com ela novamente, mas pelo abraço que dei nela na última aula, acho que ela conseguiu entender o quão grata fui por esse tempo juntas.

Não vou dizer que aproveitei ao máximo todas as aulas, porque houveram momentos em que tive que me ausentar, ou outros que eu realmente não estava no meu melhor dia, mas eu pude notar nessa professora muito de Nikumbh. E eu consigo notar isso em muitas outras professoras que tive em toda minha formação acadêmica até aqui.

Como Estrelas na Terra é um filme sensível, de fotografia linda e trilha sonora impecável - e quando digo IMPECÁVEL, eu não estou sendo mais do que sincera. Tudo se encaixa, as atuações são maravilhosas, e a vontade de morder Ishaan é constante... Digo, digo... 

Ishaan (Darsheel Safary) e sua mãe Maya Awasthi (Tisca Chopra).
O filme tem duas horas e quarenta e dois minutos, mas passa com um piscar de olhos. É muito interessante ver as diversas opiniões sobre ele vindas de outras pessoas que assistiram ao filme e notar como diferem em detalhes. Melhor ainda é ver algo que prova que sim, a educação de qualidade pode existir, aqui, na Índia, onde for. Desde que pare de ser considerado o sujeito enquanto culpado, e sim o contexto e suas implicações no que está acontecendo.

As crianças e os adolescentes com dificuldades no aprender não precisam de pessoas os julgando. Precisam de alguém que os entenda, e o quanto antes. São, como o filme diz, como estrelas na terra esperando sua oportunidade de brilhar.

Mais uma vez, gostaria de agradecer à professora que lecionou a matéria de "Problemas de Aprendizagem" no meu curso (e ela saberá bem o por quê de o nome da matéria estar entre aspas. Primeira aula! Lembro-me bem). Sem ela, esta resenha, e esta minha interpretação aprofundada que fornece ainda mais bases para meu argumento sobre o papel da educação na leitura (clique aqui para ler "A Educação Incentiva ou Pressiona a Leitura?"), não existiriam. 


Espero que tenham gostado da dica de hoje e que gostem do filme o tanto quanto eu gostei. Vejo vocês na próxima! Até lá.

PS: E mais uma vez, Merie: muito obrigada 💜.

6 comentários:

  1. Já me indicaram esse filme uma vez, agora recentemente minha professora da matéria de Estágio Supervisionado passou esse filme em sala de aula e eu não fui e agora sua resenha também o indicando, são muitos os sinais de que devo assistí-lo!
    Obrigado pela resenha, eu TENHO que assistir esse filme!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olha só, é a vida conspirando para que você assista ao filme, hein?! hahaha espero que goste, Danilo! Me conte o que achou depois!!

      Excluir
  2. "Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci
    Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi"

    Se já era difícil antes para os professores darem aula diante da falta de interesse dos alunos frente a disciplinas carregadas o que dira hoje, com tanta informação e distração fora das salas.

    As mais memoráveis aulas vieram por professores que fugiram do modelo convencional de ensino, criaram novas formas de integrar e inspirar e esse é o caminho ideal do ensino.

    Esse caminho objetivo é positivo tanto para aqueles que tenham facilidade quanto para os que não tem, seja qual for o motivo. Isolamento não é a resposta!

    Sobre o filme, vi uma cena na internet outro dia e achei incrível, mas não tinha referências ao mesmo. Que bom ter trago a resenha. Com certeza verei logo mais!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Parece estarmos sempre em um jogo, não é mesmo? Temos os professores bons, os professores que estão ali pra passar um pouquinho de tédio... (digo, digo) E temos os professores que chegam chutando o balde criando algo diferenciado.

      Me conta depois se gostou do filme, Rodrigo!!

      Excluir
  3. Quando comecei a ler a resenha, logo assimilei o teor do filme com o seu curso. Pensei, olhos devem ter brilhados vendo esse filme hahaha. E pelo visto, com razão. Parabéns a professora que que colaborou com a sua formação esse semestre, enriquecendo ainda mais a sua tese sobre o ensino.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oh, se tem uma coisa que meus olhos fizeram durante esse filme, essa coisa foi brilhar, viu Tony! Essa professora é maravilhosa. Espero que ela goste da resenha haha <3

      Excluir

Comente! Sua opinião é importante para nós!

A equipe responderá todos os comentários assim que possível. =)
Comentários ofensivos serão apagados e seus usuários denunciados.