Livro: TODO DIA - David Levithan

Mais uma obra de Levithan? Mais uma. Depois de ler Garoto Encontra Garoto fiquei muito curiosa para conhecer mais da forma que esse autor incrível escreve. Ainda tenho outros dois livros dele que quero muito ler, mas o que me chamou mais a atenção dessa vez foi Todo Dia.

Então vamos falar sobre ele!

Resenha Último Ato!

• Título original: Every Day
• Autor: David Levithan
• Editora: Galera Record
• 279 páginas (Edição Econômica)
• 4ª Edição - 2015

Sinopse:

Neste novo romance, David Levithan leva a criatividade a outro patamar. Seu protagonista, A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrarem a cada 24 horas, A e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor.

Todos os dias, A, nosso personagem principal, acorda em um corpo diferente. É simplesmente assim: não importa se o corpo é de menina, é de menino, se é gordo ou magro, alto, baixo, enfim, ele simplesmente "muda de corpo" a cada 24 horas.

Quando mais novo, ele inicialmente não se dava conta disso. Até começar a pensar por si e entender que nunca ficava com as mesmas mães, os mesmos irmãos, a mesma casa. Chegava a chorar implorando para não deitar-se para dormir, mas não tinha jeito.

Agora, com dezesseis anos, e lembrando que ele só passa um dia inteiro dentro de quem tem a mesma idade que ele, A compreende melhor como tudo funciona e não se desespera tanto. É como a vida foi apresentada para ele e é assim que deve ser. Ao acordar em um corpo novo, ele acessa as informações ali salvas e age/vive durante o dia como aquela pessoa viveria, e ao deitar, prepara-se para o próximo dia. A já havia tentado de tudo para não fazer esta troca de corpo: até não dormir, mas ele foi "arrancado" daquele hospedeiro mesmo assim. 

Até que um dia ele está no corpo de um rapaz chamado Justin. Esse cara é meio desligado, meio "tanto faz", e tem uma namorada que trata de forma abusiva. Ela chega a ser retraída ao chegar perto dele, e o amor que ela sente por ele faz com que ela "espelhe" esse amor, sempre tentando justificar os erros dele como fagulhas de algo que sente. A não entende o motivo daquilo, mas decide dar a Rhiannon, a namorada de Justin, um dia inesquecível, deixando-se envolver pessoalmente dessa vez.

E assim, acaba se apaixonando por ela. Mas como tê-la se ele está a cada dia em um corpo, em um lugar?

Source: Pinterest

Então vamos lá. Li algumas resenhas sobre este livro anteriormente e gostaria de falar também sobre as reviews na capa da obra. Acho que quando a review elogia demais, fala que é fantástico, enfim, dá uma expectativa fora do comum e isso pode influenciar nossa opinião: ou estamos esperando tudo aquilo, ou estamos esperando nada daquilo. Mas vamos ao que achei do livro.

A ideia central - cada dia, A está em um corpo diferente - é sensacional. Achei fantástica e me fez parar para pensar: porque não tive esta ideia antes? Nos dá uma amostra sobre uma crise de identidade que passamos na adolescência. Algo do tipo "O que eu sou? Como eu sou? Por que sou assim?" enfim. Nos envolve no não preconceito de gênero, e preconceitos gerais que envolvem o físico de alguém. A não é ele ou ela (apesar de nesta resenha eu tratá-lo como "ele"). A é um ser, e é isso que Rhiannon precisa entender.

Hoje ele pode ser uma garota linda, amanhã pode ser um rapaz acima do peso. De uma garota que pensa em suicídio a um cara que vive numa família super conservadora. A realidade é que antes de ele passar o dia com Rhiannon, tudo estava correndo normalmente. Quando ele se apaixona por ela que tudo dá uma virada.

Mas afinal, o que é A? Uma alma? Um espírito? Isso não fica claro. Talvez seja proposital unindo a essa razão de ser e não de "ele" e "ela". Mas sua existência não é bem explicada. Eu posso estar só querendo que a história se desenvolva de um jeito que realmente não importa para o autor, mas senti falta de uma "explicação", por mais absurda que fosse.

Em certo momento notei uma "dependência" de A em relação à Rhiannon. Sim gente, eu sei que quando gostamos de alguém queremos aquela pessoa perto, queremos conquistá-la e etc. Porém há um momento no livro em que os capítulos já começam mostrando qual a distância de A da amada. E em um outro momento, ela havia dito que o procuraria apenas por email - deixando claro que não o queria na escola dela até que colocasse as ideias no lugar - e ele mesmo assim apareceu por lá. Eu cheguei a parar pra pensar se caso ela se relacionasse com ele, se ia ser meio possessivo assim como era com Justin.

Ainda sobre o romance dentro da trama, eu devo dizer que ele é bem no estilo John Green de escrever. Nos agradecimentos ainda se vê que David e John haviam conversado sobre o livro, inclusive. Eu não sou fã dos livros de Green, mas tenho certeza que quem gosta vai amar Todo Dia, então eu super recomendo.

Assim como a história do que é, como surgiu, enfim, sobre A, o final fica meio "no ar". Não é um "no ar" que você pensa: "ok, ok, vou seguir a vida". Mas é um "no ar" que você fica olhando pro nada sem entender que reação ter. Eu cheguei a verificar se faltavam páginas no livro, e realmente soltei um "UÉ?" sonoro. David escreve maravilhosamente bem, e repito que para mim essa ideia de estar a cada dia em um corpo é sensacional, mas eu queria pelo menos um segundo volume que respondesse à muitas perguntas.

Sei que há um livro com a visão de Rhiannon da história e estou super curiosa para lê-lo. Entre Garoto Encontra Garoto e Todo Dia, eu me dei melhor com o primeiro.

Porém ressalto que: quem é fã de romances mais profundos, envolvendo adolescentes e tal, vai amar esse livro. Então o recomendo para vocês!

Source: Pretty Books

Citações:

"O corpo é a coisa mais fácil à qual se ajustar quando se está acostumado a acordar em um corpo novo todas as manhãs." Pág. 7

"Se tem uma coisa que aprendi, é isso: todos nós queremos que tudo fique bem. Nem mesmo desejamos que as coisas sejam fantásticas, maravilhosas ou extraordinárias. Satisfeitos, aceitamos o bem, porque, na maior parte do tempo, bem é suficiente." Pág. 11

"Queria que o amor conquistasse tudo. Mas o amor não conquista tudo. Ele não pode fazer nada sozinho. Ele depende de nós para conquistar em seu nome." Pág. 242

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